ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


A PRIMEIRA CAUSA ETERNA. (L. 2. pág. 125).

Os filósofos esotéricos professavam que tudo na Natureza é apenas uma materialização do espírito. A Primeira Causa eterna é espírito latente, disseram eles, e matéria desde o começo. "No princípio era o verbo (...) e o verbo era Deus." Admitindo sempre que essa idéia de um Deus é uma abstração impensável para a razão humana, pretendiam eles que o instinto humano infalível dela se apoderasse como uma reminiscência de algo concreto para ele, embora fosse intangível para os nossos sentidos físicos. Com a primeira idéia, que emanou da Divindade bissexual e até então inativa, o primeiro movimento foi comunicado a todo o universo e a vibração elétrica foi instantaneamente sentida através do espaço sem fim. O espírito engendrou a força e a força, a matéria; e assim a divindade latente manifestou-se como uma energia criadora.

Quando, em que momento da eternidade, ou como? Essas questões ficarão sempre sem resposta, pois a razão humana é incapaz de compreender o grande mistério. Mas, embora o espírito-matéria tenha existido desde a eternidade, ele existia em estado latente; a evolução de nosso universo visível deve ter tido um começo. Para o nosso fraco intelecto, esse começo pode nos parecer ser tão remoto, que nos cause o efeito da própria eternidade - um período que não pode ser expresso em cifras ou palavras. Aristóteles concluiu que o mundo era eterno e que ele será sempre o mesmo que uma geração de homens sempre produziu uma outra, sem que jamais o nosso intelecto pudesse ter determinado um começo para tal coisa. Nisso, o seu ensinamento, em seu sentido exotérico, choca-se com o de Platão, que ensinava que "houve um tempo em que a Humanidade não se perpetuou"; mas ambas as doutrinas concordam em espírito, pois Platão acrescenta logo em seguida: "Seguiu-se a raça humana terrestre, em que a história primitiva foi gradualmente esquecida e o homem desceu cada vez mais baixo"; e Aristóteles diz: "Se houve um primeiro homem, ele deve ter nascido sem pai e sem mãe - o que repugna à Natureza. Pois não teria existido um primeiro ovo que desse nascimento aos pássaros, ou teria havido um primeiro pássaro que desse nascimento aos ovos; pois um pássaro provêm de um ovo". Considerou que a mesma coisa fosse válida para todas as espécies, acreditando, com Platão, que tudo, antes de aparecer sobre a Terra, existiu primeiramente em espírito.

O mistério da primeira criação, que sempre foi o desespero da ciência, é indevassável, a menos que aceitemos a doutrina dos herméticos. Embora a matéria seja coeterna como o espírito, essa matéria não é certamente a nossa matéria visível, tangível e divisível, mas a sua sublimação extrema. O espírito puro é apenas um degrau superior. A menos que admitamos que o homem se tenha desenvolvido desse espírito-matéria primordial, como podemos chegar a uma hipótese razoável quanto à gênese dos seres animados? Darwin inicia a evolução das espécies desde o organismo ínfimo até o homem. O seu único erro deve ser o de aplicar o seu sistema a um fim errado. Pudesse ele conduzir a sua pesquisa do universo visível para o invisível, ele estaria no caminho certo. Mas, então, ele estaria seguindo os passos dos herméticos.







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