ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


ENCANTAMENTOS DE PÁSSAROS ATRAVÉS DA FORÇA DE VONTADE. (L. 2. pág. 85).

Em 1.864, na província francesa de Var, próximo à pequena aldeia de Brignoles, vivia um camponês de nome Jacques Pélissier, que ganhava a vida matando pássaros apenas por meio da força de vontade. Seu caso é relatado pelo conhecido Dr. H. D. d'Alger, a pedido de quem o singular caçador exibiu para vários cientistas o seu método. A história é narrada como segue: "A cerca de quinze ou vinte pés de nós vi uma encantadora calhandra, que mostrei a Jacques. `Olha-a bem, monsieur', disse ele, `ela é minha'. Estendendo em seguida a mão direita para o pássaro, aproximou-se dele gentilmente. A calhandra pára, levanta e baixa a sua bela cabeça, bate as asas mas não pode voar; enfim, ela não pode mover-se e se deixa apanhar agitando as asas com um leve alvoroço. Examino o pássaro; seus olhos estão inteiramente fechados e seu corpo tem uma rigidez cadavérica, embora as pulsações do coração sejam bastantes audíveis; é um verdadeiro sono cataléptico, e todo o fenômeno prova incontestavelmente uma ação magnética. Quatorze pequenos pássaros foram presos dessa maneira, no espaço de uma hora; nenhum pôde resistir ao poder de mestre Jacques, e todos apresentavam o mesmo sono cataléptico; uma sono que, ademais, termina à vontade do caçador, de quem esses pequenos pássaros se tinham tornado humildes escravos.

"Pedi talvez uma centena de vezes a Jacques que devolvesse vida e movimento aos seus prisioneiros, que os encantasse apenas pela metade, de modo que eles pudessem saltitar pelo solo, e então que os subjugasse de novo completamente sob o encantamento. Todos os meus pedidos foram cumpridos à risca, e nenhuma falha foi cometida por esse extraordinário Nemrond, que finalmente me disse: `Se desejares, matarei aqueles que me indicares, sem tocá-los'. Indiquei dois pássaros para a experiência e, a vinte e cinco ou trinta passos de distância, ele cumpriu em menos de cinco minutos o que havia prometido".

O traço mais curioso do caso em questão é que Jacques tinha completo poder sobre pardais, toldos, pintassilgos e calhandras; ele encantava às vezes as cotovias, mas, como diz ele, "elas me escapam em freqüência".

Esse mesmo poder é exercido com maior força pelas pessoas conhecidas como domadores de feras selvagens. Nas margens do Nilo, alguns nativos podem encantar os crocodilos para fora da água com um assobio peculiarmente melodioso e doce, e agarrá-los impunemente, ao passo que outros possuem tais poderes sobre as serpentes mais mortais. Os viajantes contam que viram os encantadores cercados por bandos de répteis de que eles se desembaraçam à vontade.

Vimos na Índia uma pequena confraria de faquires reunidos em torno de um pequeno lago, ou antes de um profundo poço de água, cujo fundo estava literalmente atapetado de enormes crocodilos. Esses monstros anfíbios rastejam para fora da água e vêm aquecer-se ao Sol, a poucos pés dos faquires, alguns dos quais podem estar imóveis, perdidos na oração e na contemplação. Enquanto um desses santos mendicantes está à vista, os crocodilos são tão inofensivos quanto os gatos domésticos. Mas jamais aconselharíamos a um estrangeiro que se arriscasse a aproximar-se sozinho umas poucas jardas desses monstros. O pobre francês Pradin encontrou uma cova prematura num desses terríveis sáurios, comumente chamados pelos hindus de mudalai.







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