ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


A DIFERENÇA ENTRE O MÉDIUM E O MÁGICO. (L. 2. pág. 70).

O mágico difere do feiticeiro no fato de que, enquanto este era um instrumento ignorante nas mãos dos demônios, o outro tornou-se se senhor pela intermediação poderosa de uma ciência, que só estava ao alcance de poucos, e a que estes seres eram incapazes de desobedecer". Esta definição, estabelecida e conhecida desde os dias de Moisés.

O autor anônimo de Art. Magic, encontramo-lo o seguinte: "O leitor pode perguntar: em que consiste a diferença entre o médium e o mágico? (...) O médium é um ser por meio de cujo espírito astral outros espíritos se podem manifestar, fazendo sentir a sua presença por meio de diversos tipos de fenômenos. Seja qual for a natureza desses fenômenos, o médium é apenas um agente passivo em suas mãos. Ele não pode nem ordenar a sua presença, nem desejar a sua ausência; não pode nunca forçar a realização de qualquer ato especial, nem dirigir a sua natureza. O mágico, ao contrario, pode convocar e dispensar os espíritos de acordo com a sua vontade; pode realizar muitas façanhas de poder oculto através do seu próprio espírito; pode forçar a presença e a ajuda de espíritos de graus inferiores de ser do que o dele e efetuar transformações no reino da Natureza em corpos animados e inanimados".

Este erudito autor esqueceu-se de assinalar uma distinção notável que existe na mediunidade, com a qual deve estar totalmente familiarizado. Os fenômenos físicos são o resultado da manifestação de forças, por meio do sistema físico do médium, pelas inteligências inobservadas, e não importa qual classe. Numa palavra, a mediunidade física depende de uma organização peculiar do sistema físico; a mediunidade espiritual, que é acompanhada de uma certa manifestação de fenômenos subjetivos e intelectuais, depende de uma organização peculiar da natureza espiritual do médium. Assim como o oleiro pode fazer de uma bola de argila um belo vaso e, de uma outra, uma vaso ruim, assim também, entre os médiuns físicos, o espírito astral plástico de um deles pode estar preparado para uma determinada classe de fenômenos, e o de outro, para uma classe diferente. Como regra geral, os médiuns que foram desenvolvidos para uma classe de fenômenos raramente mudam para uma outra, mas repetem a mesma performance ad infinitum.

A psicografia ou escrita direta de mensagens ditadas por espíritos é comum a ambas as formas de mediunidade. A escrita em si mesma é um fato físico objetivo, ao passo que os sentimentos que ela exprime podem ser do caráter mais nobre. Estes dependem inteiramente do estado moral do médium. Não se exige que ele tenha instrução alguma para escrever tratados filosóficos dignos de Aristóteles, nem que seja um poeta para escrever versos que fariam honra a Byron ou a Lamartine; mas deve-se exigir que a alma do médium seja suficientemente pura para servir de canal para os espíritos capazes de dar uma forma elevada a sentimentos desse gênero.

Que não podemos resistir aos desejo de citar algumas linhas de um dos escritos sânscritos, tanto mais que ele incorpora aquela porção da filosofia hermética a que se refere ao estado antecedente do homem, que descrevemos em outro lugar de maneira bem menos satisfatória.

A Filosofia hermética aponta os estados antecedentes do Homem.

"O homem vive em muitas outras terras antes de chegar a esta. Miríades de mundos nadam no espaço em que a alma em estado rudimentar faz as suas peregrinações, antes que chegue ao grande e brilhante planeta chamado Terra, cuja função gloriosa é conferir-lhe autoconsciência. Só neste ponto é que ele se torna homem; em qualquer outra etapa desta jornada vasta e selvagem ele é apenas um ser embrionário - uma forma evanescente e temporária de matéria -, uma criatura de cuja alma elevada e aprisionada uma parte, mas apenas uma parte, resplandece; uma forma rudimentar, com funções rudimentares, sempre vivendo, morrendo, mantendo uma existência espiritual passageira tão rudimentar quanto a forma material de que emergiu; uma borboleta despontando da crisálida, mas sempre, à medida que avança, em novos nascimentos, novas encarnações, para daqui a pouco morrer e viver novamente, mas ainda dando um passo à frente, outra para trás, sobre o caminho vertiginoso, apavorante, cansativo e acidentado, até que desperte uma vez mais - para viver uma vez mais e ser uma forma material, um algo de poeira, uma criatura de carne e osso, mas agora - um homem".







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