ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


A TRINDADE DO HOMEM, E A DUALIDADE DOS ANIMAIS. (L. 2. pág. 37).

As pessoas asseveram que não existem macacos no mundo, porque os macacos não tem "alma". Mas os macacos têm tantã inteligência, ao que parece, quanto muitos homens; por que, então, teriam estes homens - de maneira alguma superiores aos macacos, espíritos imortais - e os macacos, não? Os materialistas responderão que num um nem outro têm espírito, mas que a aniquilação alcança a todos na morte física. Mas os filósofos espiritistas de todos os tempos concordam em que o homem ocupa um lugar um degrau acima que o animal, e possui este algo que falta a este último, seja ele o mais ignorante dos selvagens ou o mais sábio dos filósofos. Os antigos, como vimos, ensinavam que enquanto o homem é uma trindade de corpo, espírito astral e alma animal, o animal é apenas uma dualidade - um ser que tem um corpo físico astral que o anima. Os cientistas não reconhecem qualquer diferença entre os elementos que compõem os corpos dos homens e dos animais; e os cabalistas concordam com eles quando sustentam que os corpos astrais (ou, como os físicos os chamariam, "o princípio de vida") dos animais e dos homens são idênticos em essência. O homem físico é apenas o desenvolvimento mais elevado da vida animal. Se como nos dizem os cientistas, até mesmo o pensamento é matéria, e toda sensação de dor ou prazer, todo desejo transitório é acompanhado por uma perturbação do éter; e os profundos especuladores que escreveram The Unseen Universe acreditam que o pensamento é concebido "para agir sobre a matéria de outro universo simultaneamente a este"; por que, então, o pensamento grosseiro e brutal de um orangotango, ou um cão, imprimindo-se nas correntes etéreas da luz astral, da mesma maneira que o do homem, não asseguraria ao animal uma continuidade da vida após a morte, ou "um estado futuro"?

Os cabalistas sustentavam e ainda sustentam que não é filosófico admitir que o corpo astral do homem pode sobreviver à morte corporal, e, ao mesmo tempo, afirmar que o corpo astral do macaco se dissolve em moléculas independentes. O que sobrevive como uma personalidade após a morte do corpo é a Alma Astral, que Platão, no Timeu e no Górgias, chama de Alma mortal, pois de acordo com a doutrina hermética, ela rejeita as suas partículas mais materiais a cada modificação progressiva para uma esfera superior. Sócrates relata a Calicles que essa alma mortal conserva todas as caraterísticas do corpo após a morte deste; ao ponto que um homem marcado de chicotadas terá o seu corpo astral "cheio de marcas e cicatrizes". O espírito astral é uma duplicata fiel do corpo, tanto no sentido físico como no espiritual. O Divino, o espírito mais elevado e imortal, não pode ser punido nem recompensado. Sustentar uma tal doutrina seria, ao mesmo tempo, absurdo e blasfemo, pois o espírito não é apenas uma chama alumiada na fonte central e inextinguível de luz, mas, na verdade, uma parte dela, e da mesma essência. Ele assegura a imortalidade do ser astral individual na proporção do grau de interesse que este último tem em recebê-la. Desde que o homem Duplo, i.e., o homem de carne e espírito, se mantém nos limites da lei da continuidade espiritual; desde que a centelha divina nele se conserva, ainda que fragilmente, ele está no caminho de uma imortalidade num estado futuro. Mas aqueles que se resignarem a uma existência materialista, ocultando o fulgor divino irradiado por seus espíritos, no início da peregrinação terrestre, e emudecendo a voz acauteladora dessa sentinela fiel, a consciência, que serve de foco para a luz na alma - seres como esses, que abandonaram a consciência e o espírito, e cruzaram os limites da matéria, deverão naturalmente segui-lhe as leis.







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