ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


SOBRE AS MESAS GIRANTES. (L. 2 pág. 33)

No Journal de magnétisme do Dr. Morin, publicado há poucos anos em Paris, quando as "mesas girantes" faziam furor na França, uma curiosa carta foi publicada.

"Acreditai-me, senhor," escrevia o correspondente anônimo, "que não existem espíritos, fantasmas, anjos ou demônios encerrados numa mesa; mas todos esses podem nela se encontrar, pois isso depende de nossa própria vontade e imaginação. (...) Tal MENSAbulismo é um antigo fenômeno (...) malcompreendido por nós modernos, mas natural, e que diz respeito à Física e à Psicologia; infelizmente, ele teve que permanecer incompreensível até a descoberta da eletricidade e da heliografia, pois, para explicar um fato de natureza espiritual, somos obrigados a nos basear num fato correspondente de ordem material. (...)

"Como todos sabemos, a chapa daguerreótipa deve ser impressionada não apenas pelos objetos mas também por seus reflexos. Ora, o fenômeno em questão que se poderia chamar de fotografia mental, produz, além das realidades, os sonhos de nossa imaginação, com tal fidelidade que com muita freqüência somos incapazes de distinguir uma cópia tirada de alguém presente, de um negativo obtido de uma imagem. (...)

A magnetização de uma mesa ou de uma pessoa é absolutamente idêntica em seus resultados; é a saturação de um corpo estranho pela eletricidade vital inteligente pelo pensamento do magnetizador e dos presentes."

Nada pode dar uma melhor ou mais justa idéia do que a bateria elétrica que acumula o fluído e seus condutores para obter uma força bruta que se manifesta em centelhas de luz, etc. Assim, a eletricidade acumulada num corpo isolado adquire um poder de reação igual à ação, seja para carregar, magnetizar, decompor, inflamar ou descarregar as suas vibrações a grande distância. Tais são os efeitos visíveis de eletricidade cega ou rude produzida por elementos cegos - empregando-se a palavra cega pela própria mesa, por oposição à eletricidade inteligente. Mas existe evidentemente uma eletricidade correspondente produzida pela pilha cerebral do homem; esta eletricidade da alma, este éter universal e espiritual que é a natureza ambiente, intermediária do universo metafísico, ou antes do universo incorpóreo, dever ser estudada antes de ser admitida pela ciência, que, nada sabendo sobre ela, jamais conhecerá qualquer coisa do grande fenômeno da vida antes que o faça.

"Parece que, para manifestar-se, a eletricidade cerebral requer a ajuda da eletricidade estática ordinária; quando esta última está ausente da atmosfera - quando o ar está muito úmido, por exemplo - obtém-se muito pouco ou nada, seja das mesas, seja dos médiuns. (...)

"Nós, que conhecemos bem o valor do fenômeno (...) estamos perfeitamente seguros de que, após ter carregado a mesa com o nosso efluxo magnético, chamamos à vida, ou criamos, uma inteligência análoga à nossa, que como nós é dotada de uma vontade livre, pode falar e discutir conosco, com um grau de lucidez superior, considerando-se que a resultante é mais forte que os componentes, ou antes, o todo é maior que uma de suas partes. (...) Não devemos acusar Heródoto de nos contar mentiras quando lembra os fatos mais extraordinários, pois devemos considerá-los como tão verdadeiros e corretos quanto os demais fatos históricos que se encontram em todos os escritores pagãos da Antigüidade. (...)

"O fenômeno é tão velho quanto o mundo. (...) Os sacerdotes da Índia e da China praticavam-no antes dos egípcios e gregos. Os selvagens e os esquimós conhecem-no bem. Trata-se do fenômeno da fé, a única fonte de todo prodígio. `Servos-á concedido de acordo com a vossa fé' Aquele que enunciou esta profunda doutrina era verdadeiramente o verbo encarnado da Verdade; ele não se enganava, nem procurava enganar os demais; ele expunha um axioma que hoje repetimos, sem muita esperança de vê-lo aceito.

"O homem é um microcosmos, ou um pequeno mundo: ele carrega consigo um fragmento do grande Todo, um estado caótico. A tarefa de nossos semideuses é desembaraçar dele a parte que lhes pertence por um incessante trabalho mental e material. Eles têm sua tarefa a cumprir, a invenção perpétua de novos produtos, de novas moralidades, e o arranjo conveniente do material rude e informe fornecido a eles pelo Criador, que os criou à Sua Imagem, para que eles o criassem por sua vez e assim completassem aqui a Obra da Criação; um imenso trabalho que só terminará quando o Todo estiver tão perfeito que será como o Próprio Deus, e assim capaz de sobreviver-lhe. Estamos muito longe ainda desse momento final, pois poderemos dizer que tudo ainda está por fazer, por desfazer e por aperfeiçoar em nosso globo, instituições, maquinaria e produtos.

`Mens non solum agitat sed creat molem.'







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