ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


A REBELIÃO DE LÚCIFER. (L. 2 pág. 15).

Todos esses Logois que procuram dotar o homem de espírito imortal falham, e quase todo são representados sofrendo as mais diversas punições pela tentativa. Os primeiros padres cristãos, que, como Orígenes e Clemente de Alexandria, eram bastante versados na simbologia pagã e começaram suas carreiras como filósofos, sentiram-se muito embaraçados. Eles não podiam negar a antecipação de suas doutrinas nos mitos antiquíssimos. O último Logos, de acordo com os seus ensinamentos, também surgiu para mostrar à Humanidade o caminho da imortalidade; e em seu desejo de dotar o mundo de uma vida eterna através do fogo pentecostal, perdeu a vida de acordo com o programa tradicional. Assim se originou a desajeitadíssima explicação de que o nosso clero moderno se aproveita livremente, segundo a qual todos esses tipos míticos mostram o espírito profético que, pela graça de Deus, foi concedido até mesmo aos idólatras pagãos! Os pagãos, afirmam, representaram, em suas imagens, o grande drama do Calvário - daí a semelhança.

A alegoria da queda do homem e do fogo de Prometeu é também outra versão do mito da rebelião do orgulhoso Lúcifer, precipitado no poço sem fundo - o Orco (Inferno ou Mundo inferior). Na religião dos brâmanes, Mahâsura, o Lúcifer hindu, torna-se invejoso da luz resplandecente do Criador, e à testa de uma legião de espíritos inferiores rebela-se contra Brahmâ, e lhe declara Guerra. Como Hércules, o fiel Titã, que ajuda Júpiter e lhe devolve o trono, ‘Shiva, a terceira pessoa da trindade hindu, os precipita a todos da morada celestial no Honderah, a religião das trevas eternas. Mas aqui os anjos caídos se arrependem de sua má ação, e na doutrina hindu eles obtêm a oportunidade de progredir. Na história grega, Hércules, o deus do Sol, desce ao Hades para livrar as vítimas de suas torturas; e a Igreja cristã também faz o seu deus encarnado descer às sombrias regiões plutônicas e vencer o ex-arcanjo rebelde. Por sua vez os cabalistas explicam a alegoria de um modo semicientífico. O segundo Adão, ou a primeira raça criada que Platão chama de deuses, e a Bíblia de Elohim, não era de natureza tríplice como o homem terrestre: ele não era composto de alma, espírito e corpo, mas era um composto de elementos astrais sublimados em que o "Pai" soprou um espírito divino imortal. Este, devido à sua essência divina, lutou sempre para livrar-se dos liames dessa frágil prisão; eis por que os "filhos de Deus", em seus imprudentes esforços, foram os primeiros a traçar um modelo futuro para a lei cíclica. Mas o homem não deve ser "como um de nós", diz a Divindade Criadora, um dos Elohim "encarregados da fabricação do animal inferior". Foi assim que, quando os homens da primeira raça atingiram o cume do primeiro ciclo, eles perderam o equilíbrio, e seu segundo invólucro, as vestes grosseiras (o corpo astral), os arrojou ao arco oposto.







Loja Teosófica Virtual São Paulo © 1996-99