ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


ADÃO UM SER ESPIRITUAL PURO E PERFEITO. (L. 2. pág. 14).

Começando como um ser espiritual puro e perfeito, o Adão do segundo capítulo do Gênese, não satisfeito com a posição a ele conferida pelo Demiurgo (que é o primogênito mais antigo, o Adão-Cadmo), este segundo Adão, o "homem de pó", conspira em seu orgulho para, por sua vez, tornar-se Criador. Emanado do Cadmo andrógino, este Adão é ele também andrógino, pois, de acordo com as antigas crenças apresentadas alegoricamente no Timeu de Platão, os protótipos de nossas raças foram todos encerrados na árvore microcósmica que cresceu e se desenvolveu dentro e sob a grande árvore cósmica ou macrocósmica. Por se considerar que o Espírito Divino é uma unidade, não obstante os numerosos raios do grande sol espiritual, o homem tinha sua origem, como todas as outras formas, orgânicas ou inorgânicas, nesta Fonte de Luz Eterna. Ainda que rejeitássemos a hipótese de um homem andrógino, no que concerne à evolução física, o significado da alegoria em seu sentido espiritual permaneceria inalterado. Uma vez que o primeiro homem-deus, que simboliza os dois princípios da criação, o elemento dual masculino e feminino, não tinha noção do bem e do mal, ele não podia hipostasiar "a mulher", pois ela estava nele como ele nela. Foi apenas quando, como resultado dos maus conselhos da serpente, a matéria se condensou e arrefeceu no homem espiritual em seu contato com os elementos, que os frutos da árvore humana - que é ela própria a árvore do conhecimento - se mostraram aos seus olhos. Desde esse momento, a união andrógina cessou, o homem emanou de si a mulher como uma entidade separada. Eles quebraram o elo entre o espírito puro e a matéria pura. A partir de então, eles não mais criarão espiritualmente, e apenas pelo poder de sua vontade; o homem tornou-se um criador físico, e o reino do espírito só pode ser conquistado por um longo aprisionamento na matéria. O sentido de Gogard, a árvore da vida helênica, o carvalho sagrado entre cujos ramos luxuriantes repousa uma serpente, que não pode ser desalojada, torna-se assim claro. Escapando do ilus primordial, a serpente cósmica torna-se mais material e cresce em força e poder a cada nova evolução.

O Primeiro Adão, ou Cadmo, o Logos dos místicos judeus, é idêntico ao Prometeu grego, que procura rivalizar com a sabedoria divina; e também ao Primander de Hermes, ou o PODER DO PENSAMENTO DIVINO, em seu aspecto mais espiritual, pois ele foi menos hipostasiado pelos egípcios do que pelos dois primeiros. Eles criam todos os homens, mas falham em seu objetivo final. Desejando dotar o homem de um espírito imortal, a fim de que, inserindo a trindade no um, ele pudesse gradualmente retornar ao seu primitivo estado primordial sem perder a individualidade, Prometeu falha em sua tentativa de roubar o fogo divino, e é condenado a explicar o crime no Monte Kazbeck. Prometeu é também o Logos dos antigos gregos, assim como Hércules. No Códex nazareeus vemos Bahak-Zivo desertando do céu de seu pai e confessando que, embora seja o pai dos genii, é incapaz de "construir criaturas", pois ele é tão pouco versado no que concerne a Orco como no que respeita ao "fogo consumidor desprovido de luz". E Fetahil, uma das "potestades", senta-se no "barro" (matéria) e espanta-se com o fato de o fogo vivo ter mudado tanto.







Loja Teosófica Virtual São Paulo © 1996-99