ÍSIS SEM VÉU
H.P.Blavatsky
Compilação: Mário J.B. Oliveira


MESMERISMO, SUA ORIGEM, ACOLHIMENTOS E POTENCIALIDADES. (L.1.pág.234).

Uma obra sobre filosofia mágico-espiritual e ciência oculta estaria incompleta sem uma noticia particular da história do Magnetismo Animal, tal como a conhecemos depois que, com ela, Paracelso desconcertou todos os professores da segunda metade do século XVI.

Examinaremos brevemente o seu aparecimento em Paris por ocasião da sua importação da Alemanha por Antônio Mesmer. Leiamos com cuidado e atenção os velhos papéis que agora se desfazem em pó na Academia de Ciência daquela capital, pois neles perceberemos que, depois de terem rejeitado uma a uma cada descoberta feita desde Galileu, os Imortais chegaram ao cúmulo de voltar as costas ao Magnetismo e ao Mesmerismo. Fecharam voluntariamente as portas diante de si mesmos, as portas que levam aos maiores mistérios da Natureza, que jazem nas regiões escuras tanto do mundo psíquico quanto do físico. O grande solvente universal, o alkahest, estava ao seu alcance - e eles o deixaram passar despercebido; e agora, depois que quase cem anos se pausaram, lemos a seguinte confissão:

"Ainda é verdade que, além dos limites da observação direta, a nossa ciência [Química] não é infalível e que as nossas teorias e os nossos sistemas, embora todos possam conter um germe de verdade, estão submetidos a mudanças freqüentes e são amiúde revolucionados."

À doutrina de Paracelso. Seu estilo incompreensível, embora vívido, deve ser lido com os rolos de Ezequiel, " por dentro e por fora ". O perigo de propor teorias heterodoxas era grande naqueles dias; a Igreja era poderosa e os feiticeiros eram queimados às dúzias. É por esta razão que Paracelso, Agripa e Eugênio Filaletes foram notáveis por suas declarações piedosas quanto famosos por suas descobertas de Alquimia e Magia. As opiniões completas de Paracelso sobre as propriedades ocultas do imã estão parcialmente explicadas no seu famoso livro, o Archidoxa, em que descreve a tintura maravilhosa, um medicamento extraído do imã e chamado Magisterium magnetis, e parcialmente em De ente Dei e De ente as trorum, livro I. Mas as explicações são todas dadas numa linguagem ininteligível para o profano: "Todo camponês", diz ele, "vê que um imã atrairá o ferro, mas um homem sábio deve questionar-se.(...) Descobri que o imã, além deste poder visível, o de atrair o ferro, possui um outro poder, que é oculto ".

Ele demostra, a seguir, que no homem reside escondida uma "força sideral ", que é uma emanação dos astros e dos corpos celestiais de que se compõe a forma espiritual do homem - o espírito astral. Esta identidade de essência, que podemos denominar de o espírito da matéria cometária, está sempre em relação direta com os astros de onde foi extraída e, assim, existe uma atração mútua entre os dois, pois ambos são imãs. A composição da Terra e de todos os outros corpos planetários e do corpo terrestre do homem constituía a idéia fundamental de sua filosofia. "O corpo provem dos elementos; e o espírito [astral], dos astros. (...) O homem come e bebé dos elementos, para o sustento do seu sangue e da sua carne, mas dos astros vêm o sustento do intelecto e os pensamentos de sua alma." Vemos corroboradas as afirmações de Paracelso, porquanto o espectroscópio demonstrou a verdade da sua teoria relativa à composição idêntica do homem e dos astros; os físicos agora dissertam para as suas classes sobre as atrações magnéticas do Sol e dos planetas.

Dos elementos conhecidos que compõem o corpo do homem, já foram descobertos no Sol o hidrogênio, o sódio, o cálcio, o magnésio e o ferro, e nas centenas de astros observados, encontrou-se hidrogênio, exceto em dois.

E eis que uma questão se apresenta muito naturalmente. Como chegou Paracelso a apresentar algo da composição dos astros quando, até um período recente - até a descoberta do espectroscópio -, os constituintes dos corpos celestiais eram completamente desconhecidos dos nossos cultos acadêmicos? E mesmo hoje, apesar do telespectroscópio (Ou telescópio, instrumento óptico destinado a observar objetos muito distante) e de outros aperfeiçoamentos modernos muito importantes, tudo - exceto um pequeno número de elementos e uma cromosfera hipotética - ainda é um mistério nos astros. Podia Paracelso estar certo da natureza da hoste estrelar, a menos que tivesse meios dos quais a Ciência nada sabe? Todavia, nada sabendo, ela nem mesmo pronunciou os nomes desses meios, que são - a Filosofia Hermética e a Alquimia.

Devemos ter em mente, além disso, que Paracelso foi o descobridor do hidrogênio e que ele conhecia todas as suas propriedades e a sua composição muito tempo antes que quaisquer um dos acadêmicos ortodoxos suspeitasse de sua existência; ele estudara Astrologia e Astronomia, como todos os filósofos do fogo; e, se ele afirmou que o homem está em afinidade direta com os astros, é porque sabia muito bem do que estava falando.







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